Escrevo sobre um monólogo resultante da disciplina de Técnicas de Representação do Curso de Artes Cênicas por um motivo especial: aconteceu na rua. E o ponto mais interessante e complicante do espetáculo foi exatamente esse.
Vivendo e contando a história de um mendigo que procura seu cachorro, o ator Ícaro Costa aproveitou bem o texto de Victor Sant'Anna para deixar bem clara sua principal proposta: a crítica social, onde compara o tratamento dado às pessoas pobres ao dado aos cachorros de rua. Usando o humor para mostrar a visão de um indivíduo que percebe a manipulação social dos que detém algum poder em pró de seus interesses, o ator conquista o público com a variação entre o contador das histórias que aconteceram com aquele mendigo e a mimése (bem feita) do mesmo, que está ali, naquele momento, esperando seu cachorro. No entanto, essa variação pode provocar um certo estranhamento no público. Visto que ele conta a história como mendigo, sua teatralidade, sua técnica de contador de histórias, destoa da caracterização do personagem construído no “ali, agora”. Essa dissonância se intensifica pelo lugar escolhido para a apresentação: embaixo de uma ponte. Lugar perfeito para embarcar o público no universo daquele mendigo. Mas, a preparação do ator para apresentar em palcos provocou alguns "deslizes" na sua atuação, na possibilidade de jogar com o que acontecia em volta. Teatro na rua com pouco do jogo que o teatro de rua exige. Confesso que, por saber que não era Teatro de Rua, não me incomodei no momento com alguns desses “deslizes”, no entanto, ao conversar com o ator Daniel Lucas, que vem trabalhando com esse tipo de teatro, percebi a importância de se assumir o que se propõe.
Agora um “a parte”: Muito bem escolhida a camiseta do político ganha em época de eleição que aparece em cena, simbolizando o político marqueteiro de si mesmo que não realiza nada em benefício da comunidade (O número mais conhecido de Santa Maria).
Muito bom!!!
ResponderExcluirParabéns!!!
Amo-te!!!